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domingo, 25 de agosto de 2013

Forte ser - lição da água

Forte ser

Mandaram-nos parar de olhar, com os olhos mesmo, e para de falar. Confesso que atendi mais a primeira.
Uma voz meiga fez-nos parar e ouvir, e falou de sonhos, e falou de luz, sabedoria e convivência, e pessoas, e escola.
Essa mesma voz inspirou-me. Na verdade, a dona da voz inspira.
Parei, ouvi, refleti. Não sonhei. Parei de sonhar faz um tempo. Porém, viajei. Viajei outras paisagens. Viajei outras formas.
Tomei corpo diferente: IMAGINEI-ME ÁGUA. E se eu ia ser água, precisaria decidir-me onde ia ser água.
Pensei em ser fonte; fonte de água cristalina, a jorrar de um belo elevado natural, banhado pelos ventos, acompanhado de aves e seus ninhos e filhotes. Que belo quadro! Entretanto, a fonte limita-se a jorrar sempre no exato lugar, está presa, imóvel, também inatingível, distante. E aí não gostei.
Melhor ser riacho. Aquele mesmo formado a partir da fonte, aquele fio d'água bem fino que se eleva se ajeita entre rochas e terra e se escorrega e se desliza. E envia frescor mesmo fino para quem se embebe em suas margens. E faz florescer em suas margens plantas e flores.
Parei para pensar que riacho se detém em sua pequenez e não alça voos mais longos, maiores. Riacho é criatura acanhada!
Melhor ser rio. Rio é mais longo, mais largo… Rio é mais "amostrado"?
Respondo: Não. Rio parece ser mais consciente da grandeza que carrega… Margens longas onde a  natureza floresce sem precisar semeador ou cultivador, nem mesmo um regador… Pedras nem precisam ser destruídas para serem superadas (como alguns humanos desumanos fazem com outros). Elas podem ser desviadas, sinuosamente, assim como alguns poucos humanos humanos fazem, com outros humanos, às vezes, nem muito humanos, ou fazem com as barreiras que as ações/reações criam no cotidiano tresloucado da vida moderna. Não quebremos o muro que surge, nos ensina o rio, se podemos atalhar ou pular.
Mas rio é grande na hora da morte. É, na hora da morte. Rio morre, sabia não? E não é a morte da seca ou da poluição. Embora essas também sejam mortes, e mortes tristes, convenhamos. Nem aquela morte que os homens fabricaram com uma represa que apara o rio, faz o bichinho se prender numa água parada. Não. Falo da morte morte que o rio tem quando chega ao fim de sua estrada, a via vida que percorreu com pouca ajuda e muito atrapalho. Quando chega ao seu fim, o rio não se apequena, não se amiúda, não se acanha… Ele, ao contrário, se enobrece, engrandece, agiganta-se fantasticamente e se entrega, se deleita no berço de um mar. Mais, de um oceano. E se derrama com maestria àquele que sabe fazer muito mais, criar muito mais vida e alegria, porque aprendeu a congregar o que os outros - fonte, riacho e rio - aprenderam e acumularam em suas experiências de vida com singela força e nobre fraqueza.
Uma lição das águas.

Luís Eduardo de Almeida -   Minha casa só, em 25 de agosto de 2013, 11h37min.




domingo, 18 de agosto de 2013

Poema arretado de um cachoeirinhense

Sou de Cachoeirinha PE.
J. Norinaldo.

Ser de Cachoeirinha não é para um qualquer,
e sim para gente de fibra que se orgulha do que é.

"Mesmo estando em São Paulo No Rio ou em Portugal,
Não diz ser pernambucano nascido na Capital,
Não esquece seus amigos por mais modestos que sejam
E beijam sua bandeira agradecidos por tudo.
É lindo ver um cachoeirinhense bradar na Quinta Avenida,
Que a Rua Samaritana é a sua preferida,
Olhar a Ponte do Brooklin e chamá-la de pinguela,
Por que sua ponte velha continua ser mais bela,
A outra pode ser grande, mas não brinquei embaixo dela.
Eu te amo Cachoeirinha, mesmo tendo vindo embora,
Mas acredita em alguém que até quando feliz chora,
Com saudades do Agreste e do azul do teu céu,
Do aboio vaqueiro , do nosso queijo de coalho
E daquele sarapatel,
Sem esquecer que se hoje poeta sou,
Devo tudo a esse amor
E a Poesia de Cordel.
Posso até viver distante,
Mas jamais te abandono,
Em pensamento ai passo a primavera o inverno,
O verão e o outono;
E quero estar em teu chão Cachoeirinha...
Para o derradeiro sono."