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domingo, 16 de novembro de 2014
Tarde para a história
Fizemos uma roda de conversa naquela mesa velha de madeira com dez cadeiras. Ocupamos sete delas. A cozinha apertada acomodava-nos igual um sertanejo hospitaleiro, que oferece água e bolacha, ou abstem-se de comer, mas serve as visitas. A toalha sobre a mesa tinha melancias em sua estampa, umas sobre as outras, parecendo bailar, naquele vermelho-verde sem fim. A mesa já fora palco de conversas de muitos, de variados temas, de controvérsias, em décadas de abuso de suas tábuas, porém ela aceitava todo tipo de prosa que ali se instalava, como que revelando gostar de dar base aos cotovelos apoiados para melhor falar.
Dessa vez, o ritmo da conversa enveredou por piadas que, de inocentes, sem palavrão ou sexismo, algumas vezes, ou muitas vezes, ficaram sem o eco das gargalhadas. Entretanto, como quem queria terminar um trabalho herculano, desbravamos a tarde em histórias que parafraseavam nossas vidas e pensamentos, e quem chegava, ou quem estava de passagem, arriscava perder uns minutos de sua viagem para entreouvir lampejos de humoristas que piscavam naquela cozinha.
Piscar mesmo, nós não queríamos. E logo nós nos apressávamos a encaminhar outra história e outra história. Foram tantas falas, tantos risos, tantas falhas. E uma piada atrás da outra, numa simetria que parecia ensaiada para não cortar um fim de uma história, porém emendada para poder emendar as falas, foi-se um contador após outro, alternando-nos por vezes, ficando um sem participar de certa rodada, e conduzimos aquela apresentação como manda o figurino.
Saíram casos de Cambonge, o qual descobri se tratar de Luís de Camões. Bocage foi citado como um safadinho que só pensava naquilo. Saíram histórias de seu Lunga, de mulheres, de quengas e de freiras, de meninos e papagaios. Saíram algumas coisas publicáveis, outras nem tanto. Saíram nossas mentes a viajar, nossos rostos a sorrir, nossas vidas saíram melhores. Aquele ambiente não saiu do lugar, mas ficou parecendo de outro mundo.
E saímos felizes. Alguns de nós ainda tinham pano pra manga. Deixa pra outro dia. É melhor guardar um pouquinho de prosa para ajardinar outra tarde, outro dia, outra mesa, outras melancias.
Prof. Luís Eduardo
O valor do riso
E hoje uma criança me sorriu. E outra criança perto também sorriu. E nós três sorrimos juntos. E foi aquela “risadagem”. E o tempo de ser menino veio à janela. E o cheiro de meninice, de pés e mãos grudentas, pretas. De cabelo assanhado, fala ofegante. Suor por todas as curvas do corpo… Mas uma sensação de dever infantil cumprido que não pede descrição. Registrá-la aqui, com meras palavras seria desmerecedor e precisa ficar na fração criadora da mente de quem me acompanha.
Eu fiquei imaginando como é bom ser criança e como é importante preservar esta fase da vida de todas as maneiras que podemos e com todas as leis, mesmo as exageradas com mi-mi-mi, para que essas criaturas de nenhuma responsabilidade possam perambular pelas ruas, praças, igrejas, terrenos, subidas e ladeiras. Como se aquela bicicleta fora um ônibus espacial rumo à lua. Porque eles pedalam como quem quer chegar à lua em poucos minutos!
Ah, se o mundo deles fosse o meu!
Não posso dar-me o desfrute de correr e suar. A esta altura, não fica bem para “alguém da minha idade”. E eu ainda estou aprendendo como é ser alguém da minha idade. Confesso que às vezes meto os pés pelas mãos. E não meto as mãos pelos pés em razão de estar providenciando a inclusão dessa nova expressão nos dicionários renomados. Tão logo consiga, meterei-as. E que se aguentem os meus pés.
Perdoe-me essas descabidas conversas. Tanto é papo para encher crônica quanto filosofias de escritor iniciante.
Na verdade, devo confessar, trata-se tão-somente de inveja de gente cansada e velha, que sente prazer na felicidade inocente dos outros e tem vergonha de atirar-se à brincadeira e ao riso, como quem não tem hora nem patrão. É inveja pura da felicidade alheia. É porque não há felicidade mais linda
Sorriso de menino revela-se coisa divina. Hoje foi uma bicicleta a autora de tal grande proeza, que parece abalar o firmamento do universo: o menino sorriu, esperou o companheiro montar seu alazão de rodas e catraca, e saíram os dois como Dons Quixotes, a querer rixa com moinhos imaginários fincados nas casas dos vizinhos, a cutucar os dragões que se fantasiavam de sobrados de dois andares.
E os dois… E aquelas bicicletas...
É assim que a humanidade despede-se de suas agruras, afasta-se de suas preocupações, esquece-se por um tempo suas ansiedades, emaranha-se por instantes na teia do prazer, e cumpre, nem que seja por pouco tempo (até que outro dia amanheça), o mandamento do criador, que não está no decálogo por um lapso de comunicação entre divino e humano:
SÊ FELIZ ENQUANTO PODES.
Prof. Luís Eduardo
sábado, 8 de novembro de 2014
Dizeres do querer
Quantas coisas ditas
Aflitas horas de amargor
No peito a dilacerar
Quanta repartida dor
magoou a paixão infinita
Mar de amor no amar
Dizeres de horas amadas
marcadas pela paixão
Que um dia era total
Dava à luz a visão
Comunhão abraçada
Sem querer nunca o final
Mas também estrela morre
Ocorre o fenômeno mortal
Afinal a flor apenas murcha
e puxa ao descanso eternal
Amor saudoso
Na aurora do dia, lua a me abandonar.
O asfalto nos corações o que há.
Não vá!
Desejo se mistura a lucidez.
Vontades que eu tive uma vez.
Faltou coragem, covarda tez.
Quem fez?
No assombro da noite silêncio rei.
Na clareza diária emudecerei.
Para a luz nenhum piu talvez.
Que lei!
Quem fez tal lei - malvada crua?
O que nos fez esquecer a festa nua?
Quem separou minha boca da tua?
Seio sua.
Saudade
cinco verbos de cada dia
cinco verbos de cada dia
nascer, crescer, sofrer, lutar, morrer…
entender, um de cada viveria
cinco passos, cinco dias
nessa tarde, sol a escurecer
ventania
cinco passos na caminhada sadia
cinco vezes naturalmente caminha
cinco vezes a espada da vida afia
cinco pontas perfura a ousadia
tantas doídas crianças nasciam
quantas vidas outrora sumiam!
ficam velhos os garotos de outro dia
ficam roxos os lábios que beijariam
ficam ocos os corações que abraçariam
cinco ciclos quem não desejaria
cinco séculos talvez quimera fria
cinco luas de amor derrama e fia
tantas luas de paixões criariam
tantos loucos lençóis de dia
muito poucos na real soberania
quatro cantos de amor nascia
quimeras, desejos, utopia
banham mares, oceanos cercania
o querer, o sonho, a fantasia
nesse mar a noite vira dia
no coração o açoite, a tirania
da paixão, a profunda companhia
nascer, crescer, sofrer, lutar, morrer
cinco voltas, poucas alegrias
cinco passos, cinco vezes,
cinco pontas, cinco gravidezes
muitas dores, algumas agonias
Já deu!
Fosse o humano máquina bem terminadinha
Fosse a verve da palavra toda minha
Ah! Fosse um juazeiro o pau-brasil
Uma macambira madeira de lei, luzidio
Fosse a preta jurema meu leito macio
Se pudesse voltar à cachoeira quase seca
Fizesse meu rio dar água como uma teta
Fosse felicidade aquele riso de gente esqueleta
Quando o fim chegar para quem não o quis
Quero reviver como quem sempre diz
Oh! Lugar pra gente ser feliz
Mas o destino quem escolhe não sou eu
Quase a maioria das vidas desfaleceu
E o povo hoje já diz: Já deu!
Só amor
só ele
só ele que me faz sentir melhor
sentir em mim o sol maior
e me faz desabrochar
quando insisto em ser menor
ele lembra-me que não estou só
alguém está pra me ajudar
o amor me reconstrói
destrói em mim o que é penar
cria em mim o recomeçar
que me lembra não estou só
que me faz ser bem maior
isto é o ressuscitar
Para quê?
Para que fizeste os dentes, ó Deus?
Afiaste a fome de quem não mereceu.
Fomentaste a ânsia de alguém como eu.
Para quem fizeste a língua, ó Criador?
Alinhaste a língua de quem diz saber
Amolaste os dentes de quem quer morder
Para que nos fizeste racionais, ó Eterno?
Apressaste o fim de quem acha que pode
Findaste a esperança de quem acha que é nobre
Para que a Natureza nos coroou acima na vida?
Por que o destino nos destinou a governar?
Parece que pereceremos antes de começar,
morrer antes da Terra Prometida
Sorrir é viajar
E viajando a gente sorri mais
Das coisas que ficaram pra trás
Sorriso é como flor
é invenção divina
é o charme da menina
Ela, quando sorri,
rende o mundo
num riso profundo
que não deixa-me partir
Eu, quando a vejo,
lembro-me dos beijos
que não chegaram a mim
E o mais gostoso é sorrir
porque me completo rindo
e o planeta é mais lindo
quando uma criança ri
sorriso é o que me deram de graça
pra eu poder engraçar
a qualquer um que mereça
porque não se quer que acabe
a felicidade.
Prof. Luís Eduardo
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
se eu chegar ao Purgatório
Se eu chegar ao Purgatório ou a algum outro lugar espiritual desse naipe de julgamento das almas, é possível deparar-me com a verdade de que fui rude, grosseiro, austero, deselegante, áspero... Talvez até cheguem a duvidar se fui justo. Pelo menos ficarei tranquilo quanto ao item sinceridade. Prof. Luís Eduardo Almeida
domingo, 2 de novembro de 2014
Sua
Foste minha até quando
Fomos felizes até quanto
Ficamos juntos até longe
Fiquei contigo até aqui
Fizeste comigo até tanto
Andamos bailando até canso
Saudamos doendo até câncer
Cansamos roendo até março
Dezembramos vendo até mortos
Cremos revendo até falso
Selamos os lábios que nos corriam
Fechamos as bocas que nos ofendiam
Deixamos pra trás o amor que existia
Prof Luís Eduardo -16/09/14
Viés via esperança
Vida,
via de sonho.
Vida nova,
novo caminho,
todos juntinhos
sob a manta.
E toda a humanidade se encanta.
Chegada,
via-se, anunciada.
Aguardada,
como nunca desenhada,
sorriso, riso, gargalhada.
Por enquanto,
só um olhar apertado
enquanto pais,
encantados, se apertam.
E as estrelas,
mais, bem mais estreladas,
anunciam sua chegada.
E a natureza,
mais quente, mais cantante,
parece dizer abobalhada:
Bem vinda, vida renovada.
Luís Eduardo, 13/07/14
Vida simplesmente
Eu queria tanto estar sozinho
Fosse apenas o escuro por companhia
Fosse desejo uma estranha brisa fria
Fosse varrer meu lembrar pelo caminho
Fosse a noite mais morosa que uma vida
Fosse o silêncio mais fatal que o ciclone
Fosse sonho mais veloz que a partida
Fosse o herói negado a todo homem
Não fosse hoje eu estaria amanhã
Fosse amanhã esqueceria torto presente
Não visse a morte como se doce irmã
Seria a vida mais feliz e simplesmente
Prof. Luís 13/08/2014. 1h28
Vida e dor
Nem a chata vida me negou
O conforto de viver sina marcada
Ou a ladra morte me furtou
O desejo de morrer morte matada
Mais das sinas matadas
Demais de mortes marcadas
Fui sempre vivendo em disparada
Nenhuma dor foi doída plenamente
A ponto de ser sentida sem parada
Porque faz jus ao pequeno berço-céu
Aquele que, de vítima, passa a réu
No inquérito da vida transtornada
Prof. Luís 13/08/2014. 1h50
Toda vida vivida
Toda vida merece um obrigado
Embora alguns nem tão sinceros
Todo agradecimento que espero
Parece ter saído forçado
Todo nosso encantamento
Pelos mais sinceros cuidados
Parecem folhas jogadas ao vento
E não deviam ter sido jogadas
Arrependimento parece pancada
No mais profundo tecido neural
Pior é a morte após vida fadada
Ao mais enfadonho final
"Toda vida bem vivida converge para finais dilemáticos e desafiantes.
O fim dos outros é sem graça."
Luís Eduardo 26/08/14
Se cada amanhecer
Se cada amanhecer fosse um novo recomeçar o mundo estaria lotado de gente que pensa, e o bem pensar seria do tamanho do Universo.
Prof Luís Eduardo -16/09/14
Se amo?
Oceano de amor, mar de amar.
Você amo com furor, amar é mar.
Você, eu, a marulhar.
Ah, mar! Se me visses a gostar.
Amarias cada onda.
Onda, crescerias a te agigantar.
Continente, serias feliz como mar.
Se amo?
Você amo, por anos.
Anos-luz, em cada sol.
Cada dia, cada canto de passarinho.
Cada veia, cada encanto em seus cantinhos.
Toda linda, nada feia,
toda flor em cada cheirinho.
Não lhe busco e já lhe encontro
em meus caminhos.
Tudo é vasto e em nada caibo
se for sozinho.
Prof. Luís 12/08/2014 23h56
Queria saber em qual dos 6 dias
Queria saber em qual dos seis dias de Criação estabeleceu-se tantos afazeres para as tão poucas horas da vida.
Prof Luís Eduardo -16/09/14
Quem é
Quem reina na vida oco viver
É repensar se o trono não é vão
Lhe é comum o aprumo se perder
Mergulhar na profunda ingratidão
Antes fosse o seu vívido malquerer
Dispersado em meio à multidão
Pois nascido para tanto padecer
Melhor fora lhe arrancar o coração
Pois da vida ingrata morte é sofrer
Cada instante sufocada a intenção
De um mal que lhe angustia a padecer
Morrer pequeno desejando a amplidão
Quando
Quando se forem os Era uma vez
Mesmo a realizar promessas vãs
Quando houver perdão vezes sete
Mesmo que a curva da vida se feche
Quando nunca mais amanhecer
Quanto valerá o alvorecer
Quanto mais insisto na contramão
É quando me perco em abstrações
Quando choros frustraram as emoções
Quem duvida que a vida é sentir
Quantos cegos quererão ver
Quando a liberdade se prender
Pê
Passantes pensantes pessoas
Pessoas passantes a pensar
Pessoas possantes pela proa
Peregrinos pobres a penar
Pequeninos pomposos pivetes
Pivetando pernadas pela praça
Pererês pernetas pracetes
Poetando prosa puro passa
Purificando passadas
Pensar passarinho
Passará pingo
Pluvial purificada
Pensando em passos de papai, penados.
Prof. Luís 26-08-2014
Pés trocados
Meu pé tocando o dele
Nossa noite parceira
Um sábado qualquer
Qualquer coisa pra fazer
E não sair do lugar
Muita coisa pra dizer
E nada produzir
Era eu querendo ser pai
Era ele querendo se adultar
Meninices de dois seres
Querendo se conhecer
E assim a noite foi
E assim eu me achei...
E ele só dormiu
Pobre rei
Pobre rei que acelera o motim
Despejando amargor à sua roda.
Espalha azedo fluido e sai de si
A lâmina cuja vida já lhe poda
À tolice a fidelidade de escudeiro,
Fanfarrice orgulhosa lhe acoberta,
Da falácia é sinônimo no espelho,
Do engano encontra porta aberta
Mal sabe o que adiante lhe aguarda,
Espreitando da ação suas respostas,
Espera o prêmio de uma vida errada:
A triste e mais completa das derrotas
Prof. Luís 13/08/2014 0h53
Para sempre
sempre que pudermos,
sempre que a vida abrir uma brecha, sempre que o coração calar as bocas
sempre que se ascenderem as almas
sempre que nosso lado humano
tiver vontade de aparecer
sempre que os sentidos
chegarem a falhar
sempre que o tato
deixar de se exercitar
sempre que o cheiro conhecido
tornar-se estranho
sempre que o nosso olhar
não quiser mais ver-nos
sempre que nossas mãos
se recusarem a apertar
então, deve ter acontecido o inferno.
Prof Luís Eduardo - 20/09/14
Não me vejo
Não me vejo mais
sem você
Sem você
Eu nem me vejo direito
Sem ver direito
Não aprecio sua beleza
Sem sua beleza
O mundo fica mais triste
Com o mundo mais triste
Ficamos menos gente
Com a gente menos gente
Não sentimos um ao outro
Sem sentirmos um ao outro
Nem sentimos o fim do mundo
O fim do mundo pra mim é você
Sem mim
Não há
Não há - Não há
Há quem diga ser a vida amargo fel
Há quem pensa morrer logo esperançoso
Há um meio de estar certo tortuoso
É de querer ver bem usando véu
Não há tempo para quem assoberbado
Não há magoa para quem no perdão
Não há água para lavar ódio guardado
Há dois tempos de amor num coração
Há limites que devem ser respeitados
Há uma linha fina entre nós e a ambição
Há dois jeitos de perder o ser amado
Não há braço que abrace a imensidão
Prof. Luís 13/08/2014. 1h39
Morrer
Oh, morte!
Não te busco e só te vejo a me sorrir
E os sorrisos de se ver já não vi
Oh, vida!
Não te sinto e só percebo-me cair
E os sons de outrora sem tinir
Oh, riso!
Onde estás que não respondes meu luzir
E as tristezas que não quero vêm a mim?
Oh, tristeza!
Donde vens que não te quero por aqui?
E tua bagagem despejas ao surgir
Oh, medo!
Dá-me estanque quando peço-te seguir
E arrancas de meu peito o insistir
E eu insisto...
Quando só resta-me partir.
Prof. Luís 12/08/2014. 0h14
Jogar conversa fora
Jogar conversa fora
Jogar pedrinhas na água
Jogar comida aos pombos
Jogar bola na rua
Jogar barro no amigo
Jogar a rosa roubada pra moça flor
Jogadas da pureza da vida
na infância feliz de muitos
...Jogada sem graça a de hoje
Jogar palavrão no amigo da rua
Jogar insulto no colega da classe
Jogar pedra na vidraça alheia
Jogar crítica no diferente...
Jogaram a vida fora sem me avisar
Prof Luís Eduardo -20/09/14
Gritos
Tantos gritam em nome da vida boa
E eu gritando tudo que errôneo soa
Quero ao surdo infinito dirigir
Como se fosse minha deixa ao partir
Minha vontade de ter sido outra pessoa
As mágoas em meu peito acorrentadas
A concordar que minha vida quase nada
Era mais útil que ao longe fosse cumprir
A promessa de viver como se o fim
Fosse a flor do jardim mais desejada
Aos que ficam deixo gélidas lembranças
De alguém que admitiu que a vida cansa
Hoje a ilusão de ter vivido sem ter sorte
É corrigida antes do fim que se alcança
Melhor agora que depois da fria morte
Prod. Luís 13/08/2014. 1h16
G231522
Poste da rua sem acender
Vida de mim sem ascender
A frustração das estradas do viver
E a rua da gente sem nos favorecer
E o dia das gentes sem alvorecer
É comida que falta pra gente comer
É gente que enfarta pra se dizer
É o dito-não-dito de cada conviver
Convivendo enxergo que devo fazer
Penando me levo a bem proceder
Procedendo encerro o teu malquerer
Querendo realizo o meu não-querer
Não querendo já faço o que devo fazer
Assim se procede meu padecer
Prof Luís Eduardo, 24/10/2014
Fera mulher
É fera aquela mulher frágil
De quem pouca força se espera
Mas ela age e se supera.
E é fera, fera mulher!
Mulher, mulher!
Cuja montanha de força interior
Faz calor para os que estão perto
E é completo seu amor pela vida
E ela, dividida entre parar e seguir,
Decide subir até onde ninguém alcança
E nunca cansa, porque a vida é melhor
Quem, no choro, surpreende ao sorrir
Eu espero imprimir na minha pisada
Essa pegada tão certeira, tão forte
Pra mudar minha sorte um dia
Mas descubro fantasia querer-me assim
Pois não é possível
UM CARIMBO DE MULHER E MÃE
EM MIM
Em homenagem ao seu aniversário, pelo que vive vive, pela força que tens, pelo exemplo que és.
FORÇA SEMPRE
Prof. Luís Eduardo. 27/08/2014, 8h.
Doutor
Fila
De clínica
Espera
Com cautela
Calada
Pela chamada
Doente
De repente
Aviso
De improviso
Ouçam bem:
Não vem!
DOAR
E aquela mocinha, magrinha e belinha
foi ficando mulher, foi fiando-se a vida,
descobrir o que quer, toda amadurecida
por uma vida chamada de minha.
E aquela moça melhor, poça de chama,
árvore que enrama, cresce e dá sombra
igualmente, como que a todos ama,
dentre seus galhos o fruto-vida tomba
Ser o sentido de tudo que existe
é o milagre que a natureza declara:
dar a vida, e permanecer em riste
doando sua força à próxima joia rara
Prof. Luís Eduardo 01-07-2014.
CORAÇÃO TEMPESTUOSO
Abro as portas dos meus dias,
escancaro as janelas de minhas tardes,
contemplo a nuvens dos meus céus.
Chuva. Vento forte. Temporais.
Apronto-me às tempestades
que se anunciam
devido às minhas estranhas naturezas.
Tudo o mais é bom tempo,
apenas nos tempos dos outros.
Espero, anseio, ardo
por melhorias que já deviam ter chegado.
Sinto murchar o pasto
das padarias do meu peito.
Agora é rezar por estações
que fertilizem o terreno duro
dos meus sentimentos
castigados pelo mau tempo.
Prof Luís Eduardo, 16/05/14
CHORO
Já chorei tanta pétala nessa estrada
Já visei tanto pó na pisada
E tão pesada me enfiei na madrugada
Furta sono, furta cor na treva chegada
E sereno me segui nesse sono
Enturvado em que sempre mergulhamos
Primaveras não vi, só outonos
Invernos do inferno que somos
Impávido sendo só nessa ilha
De viver batalhando uma guerrilha
Que se anuncia a quem cedo se atira
A ser mais do que ser numa trilha
E assim apesar de só crer
Realiza mais que quem quis só ser
Mais fez quem além quis fazer
Enfrentou o irrisório do ter
Pois a vida é maior que o que se vê
É andar acima do infortúnio querer
Quem morreu antes de perecer
Seria melhor não ter tido o nascer
Prof. Luís Eduardo -15/09/14
CAMA
É o Olimpo de quem dorme
É a comida pra quem fome
É fomento pra quem drama
É leito pra quem se ama
É desespero pra quem traído
É esperar pra quem está vindo
É volta pra quem deixei
É vinda pra quem perdoei
É trama pra quem arma
É plano pra quem maquina
É vida pra quem alma
É realizar pra quem imagina
É cama
É amor
É sina
Prof Luís Eduardo 16/09/14
Adimiracê
Oh! Vida bela, bela vida.
Verde vira, vitaflerte,
Vida que flerta, companheira.
Vida videira de frutos belos,
Singela andante com os singelos.
Vida, endivido-me contigo,
Devo-te do velho ao novo.
Fico bobo em teu abrigo,
Sigo, de esperança todo.
Dou-me em singular cativo.
A alva de cada amanhecer
Renova o velho meu interior,
Aviva a vida que quer morrer,
Acende a chama que nao apagou,
Apaga as cinzas de minha dor.
Assim eu sigo como quem nasceu,
Aviso ao mundo que aqui estou eu,
Ao inverno frio dou eterno adeus,
Agarro a primavera que me comoveu,
Porque marcado, mas o viver é meu.
Prof. Luís, junho de 14.
A vida tinha obrigação
A vida tinha a obrigação legal, na minha Carta Magna, de ter-me dados mais direitos e menos deveres.
Prof Luís Eduardo -16/09/14
A natureza me devia
Devia a vida ser melhor
Devia o melhor ser vivido
Devia o ontem ficar só
Devia a solidão ter partido
Devia o partir ser menos dorido
Devia a dor ser mais repartida
Pra gente chorar na despedida
De quem jovem não devia ter ido
Deveria o amarelo ser só do sol
A natureza devia e não me pagou
Um amanhcer mais rouxinol
E pra quem pensa que chegou a manhã
Saiba do verdadeiro entardecer
A sombra que fica da figura
Do homem fraco a padecer
Prof. Luís 26-08-2014
"Devia a vida a mim mais tempo com quem amo"
A escada da vida
Entardecer é como o apagar na festejada
Escurecendo a estrada do caminheiro
Brilha o primeiro ponto de luz da vida a escada
E o homem vai vivendo cada novo luzeiro
Temendo suas escolha mal logradas
E a subida é menos dura da vida a escada
E o jovem fica moço nas quebradas
E a curva do tempo vai se tornando árdua
A vontade de ser velho mostra-se alterada
Cada passo mostra que tem sua pesada
Cada perna vai cansando com as pegadas
Subida bem mais dura a cada escada
Quem queria subir agora desce a passada
O que queria agora não quer mais,
É vontade que virou velha alternada
E o velho sente saudade da meninada
Vai sofrendo as dores de costas dobradas
É dor de vida depois de caminhada
Prof Luís Eduardo, 07/08/14
Sorriso
"Sorriso é algo que, sendo inteira e intimamente nosso, não é verdadeiramente nosso, pois damos em totalidade ao outro, e mal vimos ."
L. EDUARDO. 24-08-2014
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Pai viajante
Sou aquele que não escolhe as estradas
Vou aonde minha vida me leva
Vou ao vento buscando fugir à treva
Iluminado pela emoções em casa deixadas
Dou de mim aos meus chegados
Como quem suga sangue em cada veia
Esforço recompensado na futura teia
Dos meus filhos futuramente doutorados
Não quero, nunca quis ser afobado
Ânsia vã de quem pensa ser alteado
Lado a lado é que se fia nesta lida
No tecido emaranhado de longas vidas
Amargoar
Magoei, não entendi
O tempo passou? Nem vi
Nas curvas desta estrada
Ruas, avenidas esburacadas
da vida
Faltou coragem para despedida
Quis deixar-te,
fazer-te mais feliz,
mas meu coração não quis
separar-nos
Minha cabeça tonta,
minha garganta que agita,
Minha bagagem pronta
Mas o meu universo é o teu corpo,
Minhas galáxias, teu colo
Teu sorriso, meu solo
Eu sem ti, sou torto
Prof. Luís Eduardo
Maio/2014
Amparo
Podia ser mais amigo
Podia estar contigo
Ser melhor que tenho sido
Poder olhar os olhos teus
Lembrar que nunca esqueceu
Amigo distante, não rompido
Devia pedir pra lua
Devia pegar a mão tua
Devia saber o que dizer
Queria estar ao teu lado
Queria não ter te magoado
Sobre essa dor ter poder
Mas o que eu podia não fiz
O que eu seria nem quis
Olhei e não vi teus avisos
Perdi teus melhores risos
Perdi tempo luares olhando
O tempo foi nos desviando
Nem vi as mágoas chegadas
Não te amparei, desamparada
Pedir desculpas não apaga
O que sofres sozinha mágoa
Mas distante estou chegado
Firme, forte ao teu lado
Porque amparo também é distante
Daqueles que apoiam a ir adiante
Isto prova que nada será como antes
Pensarei em ti a cada novo instante
Serei como sombra em tua bela vida
Lembrando ao longe como és querida
Porque amigo-amparo é todo vibrante
Mesmo quando foi preciso a despedida
Prof. Luís Eduardo, 23-05-2014
Eita, povo da gota!
Eita, povo mal-educado!
Que vive só de ilusão
Só internet e televisão
Apesar de tudo lecionado
O professor quase afogado
O menino diz: Aprendi não!
Mas nao quero ser triste
De tudo o que se faz
E desanimar o trabalhador
Porque é bom o que existe
E não estamos pra trás
Realizando coisas como for
E todo dia chegando
Vindo bem como quer
Professora cabra-macho
Todo dia bem ensinando
A refletir a vida como é
A redizer o que eu acho
Foi bom demais os encontros
Analisando cada matéria
Finalizando com sabedoria
Fundamentando cada ponto
Jogando sangue nas artérias
Melhorando o dia-a-dia
Eita, professora boa na messe!
Nem parece ser da cidade
Parece até gente campestre
Fala bem, nunca entontece
Mostra em tudo felicidade
Não é mulher: é cabra da peste!
Prof. Luís Eduardo
Maio/2014
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Mãe que é mãe...
Mãe que é gênese da vida, desde a mais tenra partida, de todos é o tudo e o nada, é a força da vida renovada. Uma mãe para o filho é o sol protetor, quem enfrenta todo dano, qualquer dor.
Quando longe, um desejo avassalador, de encontrar, de abraçar... é pintar o o mundo em toda cor. Revê-la reaviva as rosas, recolore o mundo, num desejo mais que profundo que cada um tivesse a sua.
Para quem a perdeu eu aponto a lua, com brilho e silêncio encantador, as estrelas como filhos, espalhados no esplendor, as nuvens por testemunha. Pois mãe, como a lua, é só uma: na ada ilumina mais ou deixa mais seguro.
Como um muro, cerca a vida, rodeia o lar sua segurança. E se tudo parece acabar vem ela derramando esperança.
Porque mãe que é mãe nunca cansa.
Prof. Luís Eduardo - 07 maio 2014, para as Mães do Corsina Braga.
MÃO DE MÃE
A mão carinho
Na barriga
À espera da vida
Que chega
A mão serena
Nos braços
A vida pequena
Em compasso
A mão protetora
Com jeito
A leite o menino
No peito
Ah! Mão bondosa
Veia mimosa
Em meus cachos
Mãe! Onde me acho
É meu recomeço
A vida não encerra
Ela é eterna.
Prof. Luís Eduardo
SONHO DE SER
Eu queria te falar
do que eu poderia ser
porque o que sou
dá para perceber
só de olhar
Olhou, me viu
e nem se encantou,
mas o que tu nem sentiu
é o que meu coração
criou com tanto amor
Isso se maravilhou,
os encantos desse companheiro
vindo do profundo interior,
que vem de dentro, por inteiro...
É o que ninguém provou
Assim, a vida tem mais sabor.
A gente vive com as coisas do peito,
emoção que dá maior valor,
que te pega de jeito...
É vida que a própria vida sonhou!
Louco gosto
Gosto
E não consigo desgostar
Posso
E deixar não quero
Inteiro
me dou por todo
Tolo
Espero um pouco
Rouco
Grito ao mundo surdo
Irrito
Até meu corpo clama
Em chamas
Sinto esse poder
Reclama
Cada célula do viver
Nada
O que restou de nós
Sós
Essência virou pó
Prof. Luís Eduardo
Foi
Tão bom entre nós esse fogo
Um jogo de amor gostoso
Fogoso trem na doce vida
Dividida em cada instante
Doravante será via melhor
Um maior e bom sentimento
Momento de luz um sorriso
Improviso dá melhor beijo
Desejo misturado a carinho
Caminho a outro se cruzara
Rara ligação de duas vias
Um dia que parece eternidade
Cumplicidade misturada a parceria
Prof. Luís Eduardo
Doutor!
Fila
De clínica
Espera
Com cautela
Calada
Pela chamada
Doente
De repente
Aviso
De improviso
Ouçam bem:
Não vem!
Prof. Luís Eduardo
Vida esperando a primavera
Tomados muitos copos
Nossos corpos se tomam
Reviradas tantas coisas
Nossas coxas se reviram
Encerradas tantas conversas
Nossos complexos se encerram
Abocanhados tantos desejos
Nossos gracejos se abocanham
Acarinhadas tantas vezes as orelhas
Nossos olhares se acariciam
Vem agora o grande beijo
Embora, eu veja teu olhar
Como nunca vira antes
Nesse instante magia
Tua mão me acaricia
Faria eu todo esforço
Que o poço nunca secasse
Ficasse eu moço eterno
Nunca chegasse inverno
Nesta face, neste caminho,
Nosso sono, nosso ninho.
Nossa vida virada outono
Passado verão de quem erra,
Destino não mais dono,
Vidas esperando a primavera
Prof Luís Eduardo
CACHOEIRAS
Todo caminho dá na venda-vida
Toda estrada é tão comprida
Toda tarefa parece que faz da lida
Tudo bem, toda ação benzida
Acaricio meu pensar
Nas cachoeiras quase mar
De boa gente a reavivar
As cores apagadas do lar
Meio-fio, meia-boca, à meia-noite a badalar
Meio-corpo, meio copo, meio açoite
Meias ruas, meio no beco, mais afoito
Tudo é vida neste quadro a nos pintar
Cheguei às Boas Vistas avenidas
Antes tidas como tortas ruas
Elas nuas lá na Vagem, na Funil
Carnes cruas, na Barragem, assobio
Parto as Pedras de Adolfo, rito Hitler
Faça a História sua regra, ritmo hífen
Parto às carnes do Açougue, do Mercado
Parto à Ponte Velha rumo ao cercado
Vida velha, partida passada
Agora sei nunca devia ter viajado,
Tomado aquela Sopa lotada
Ladeada pela Igreja de Antonio
Ter cruzado Una rumo ao sono
da saudade Cachoeirinha deixada
Lágrima jorra cachoeirada
Prof. Luís Eduardo, Maio-2014.
Prosa poética política
EXÉRCITO DA DEMOCRACIA DE UM HOMEM SÓ
Ia ficar calado, mas nem consigo, pois o que provoca o inimigo não se mede. Ele, de tanto exagero, quase pede que eu faça uma resposta, dessas que a gente mais gosta, do outro arrancar cabelo.
Pois arranque. Mas não peça que eu tranque, aqui, no meu peito, todo o desrespeito com que fomos tratados. Estou falando dos desgovernos, os que transformam em infernos o trabalho e o serviço público. E este último é único. Ele é bem sabido, sabe enrolar até bandido, com a lábia que ele tem. Mas não enrola ninguém, se eu puder evitar, botar pra raciocinar as boas cabeças pensantes, aproveitando cada instante que puder informar. Começo lembrando a cara deslavada que ele vem, brigou com gente pra mais de cem, e depois, de cara lisa, disse que se enganava, pois as pisas que eles se davam era troca de carinho, entre dois amiguinhos, que muito se gostavam. Ele tem essa mania: aproveita de amigo e inimigo, este abanadinha, aquele xingamento, para poder subir na vida, e depois, feito rapariga, diz que foi coisa de momento. Perdoem-me a meretrizes, é apenas o ditado, pois bem sei do seu viver coitado, com mais altivez e caráter. Ao contrário de vocês, assumidas e fortes, gosta de holofote e muita demagogia. Nosso lugar não aguenta mais, chega de faz-de-conta e de contar pouco que faz, precisamos de melhorias. Não essas porcarias, conversa de enrolar bêbado, maquiagem nas nossas vias, improviso em tudo que é sossego. Desassossego sofre o homem do agreste, mesmo sendo cabra da peste, sem cooperação na seca sofrida. Merecia mais atenção nessa vida, não propaganda enganosa, uma comprida prosa, dizendo baixar o preço da ração, enviar carros-pipa, porque se o Exército não se agita, ia faltar guarita para quem está morrendo de sede. Se for falar de hospital, a coisa fica no meio, pois é muito feio inaugurar pela metade. Raios-X e exames simples faltam na verdade. Atitudes covardes de dizer que está entregando ao povo já cansado um serviço completo. O herói trabalhou por seu mérito, pois até colete estava vencido, facilitando ao bandido, sair ganhando essa guerra. Quem é esclarecido não erra: precisamos abrir o olhar. É preciso alardear o estado de nossas escolas, sufocadas por metas e esmolas, por programas que só enfeitam. As professorinhas não deitam sem pensar no amanhã, porque é bem possível que a rã vire um sapo gigante, tornando-se gente importante, mandando em mais de um lugar. O bicho gosta de judiar, manipulando o servente que queria lhe orgulhar. Esse cabra não presta. Preste atenção que sua réstia é encarnada, carmim. Ele quer sugar até de mim o pouco de suor que eu lanço. Espero o povo, não canso, a verdade é minha guia. Se você até aqui me lia faça- me um grande favor: LANCE PARA QUEM LHE ADICIONOU UM DESAFIO - NÃO DEIXE SECAR O RIO DE ESPERANÇA QUE NOS MOVE, MULTIPLIQUE MILHÕES FORA NOVE, RETWEET, CURTA, COMPARTILHE, NÃO DEIXE QUE NOS ILHE A FORÇA DA DEMAGOGIA, POIS MAIOR FORÇA EXISTE, PARA NINGUÉM FICAR TRISTE,
...
O EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA. Prof. Luís Eduardo.
quinta-feira, 13 de março de 2014
TODO TEU
Sou todo teu, Senhor.
Sou todo teu, Senhor.
A vida não me pertence mais,
sou todo do teu amor.
Leva-me nos teus braços,
Abre a minha estrada.
Pois eu sei que nada sou
Sem ti.
Ilumina meus passos,
Livra-me do cansaço.
Me levanta
Quando eu cair.
TÃO FRACO EU SOU,
TÃO FORTE ÉS,
MEU SENHOR, MEU SENHOR E REI.
POEMAR
poesia, poeminha
poemas, poemei
letras, silabadas,
palavras inventei
conversa com papel,
caneta pião, eu rei
um mar branco.
vós todos, preenchei!
muitos tantos,
outros flancos farei
BALANÇO
(Homenagem a Augusto Grampão, garimpador de nossas pequenas alegrias)
Jovens vão, meninos vêm.
Criança pula, desce mulher.
É a barca do parque da vida
balançando em outro bem-me-quer.
Meninos passeiam, homens correm.
Garota brinca, mulher séria.
É o barco do mar do mundo
definindo quem é manso, quem é fera.
Quero sonhar,
poder voltar...
Queria rodopiar
sem sair do lugar.
A ficar de pé no barquinho
do augusto parque,
ou naquele torto cavalinho,
só esperando o baque.
FRUTO DA MINHA INFÂNCIA
Mundo inatingível
Mãe superprotetora, pai exemplar.
Ela, mulher-maravilha,
Ele, superman.
Conselhos e exemplos que vêm.
Uma que não me deixa crescer.
Um que me quer grande antes do alvorecer.
Meu herói tirou a capa.
Minha heroína ainda me encanta.
Para ele a palavra escapa.
Dela ainda sinto que o mundo tem
O sabor de sua janta.
Sonhos meninos
ÀS CERTEZAS
VI, NÃO VI.
SEI, NÃO SEI.
GOSTO, NÃO GOSTO.
O GOSTO DO DESGOSTO.
GOSTO CABELO,
GOSTO ROSTO,
GASTO.
PINTO-ME, ENRUBRO-ME,
AVERMELHO
MEU CABELO.
EMPRETEÇO UNHAS,
DE BIJUS ALGUMAS,
ENFEITES VÁRIOS.
EM MIM,
SER AFIM...
SÓ QUERO QUE SAIBAM
QUEM SOU.
SOU UMA ADOLESCENTE
QUASE CRIANÇA,
QUASE MULHER,
DECIDINDO O QUE QUER.
Se me visse
Se vovê fitasse,
Eu me orgulharia
Pela sua classe,
Por ser minha companhia.
Adolescer
Vejo o mundo ao meu redor,
sinto fundo que é pior
nada ver e ver-se só.
Ouço as palavras mal ditas,
como polícias em guaritas,
tudo paira, nada agita.
Quero o mundo perceber,
penso a tudo aparecer
como orgulhoso ser.
Sinto então impaciência
pelas minhas diferenças,
por esta vida tensa.
Sou eu!
sábado, 15 de fevereiro de 2014
queria poder dizer que sim
mas arde muito mais forte em mim
o desejo insaciável de lançar mão
a todos e a tudo que merece um não
Queria parar de ser tão pessimista
embora tanta gente me assista
e me ouça falsamente ser alegre
porque a educação é isso que pede
Devo ser então hipócrita
em mascarar tanta derrota
com sins que a vida não me deu
Mas eu insisto em refazer as rotas
revivendo o que quase morreu
porque a vida é mais reta que torta
RIS
ris, e me fazes rir,
faz-me rir que preciso
não partir sem ti
não partir-te por mim
por nós sorrir
és parte de mim
mas partes assim
não me deixes
tantas vezes
pões fim
no fim
somos nós
por nós
somos sois
em nossas luas
tantos luares
viagens a lugares
sem sairmos do lugar
ah! viajaras, viajei
ah! vivagens, viagens
outras paragens
lindas paisagens tu comigo
paisaragens compusemos
campestramos
ah! voajei contigo
ah! comigo voerriste
naturezamos o mundo
Cachoeirinha, 13-02-2014, com Darlyng chamando-me ‘cabra safado'
nada quase tudo
tudo suporto, tudo aguardo,
tudo vejo, quase nada anseio
quase tudo imperfeito, nada conserto
quase vivo, nada desfruto
quase morto, tudo insosso
nada de gosto, tudo defunto
nada na maré dos dias
quase todos em órbita
tudo ou nada tanto vias
tudo ou nada tanto faz
quase nada nos apraz
quase visível o aprazível
vida quase morte
moro em quase tudo
tudo vivo, nada vive
morte a quase tudo
nada em vida morre
se não for quase
vida
morte
mortos-vivos
deixem-me em paz
vivam vocês pra trás
deixem-me, tragam-me
não aguento o quase
aspiro a tudo com base
tragam-me, mas deixem-me
em paz
__________________________________
Coração tempestuoso
Abro as portas dos meus dias,
escancaro as janelas de minhas tardes,
contemplo as nuvens dos meus céus
Chuva. Vento forte. Temporais.
Apronto-me às tempestades
que se anunciam
devido às minhas estranhas naturezas
Tudo mais é bom tempo
apenas nos tempos dos outros
Espero, anseio, ardo
por melhorias que já deviam ter chegado
Sinto murchar o pasto
das pradarias de meu peito
Agora é rezar por estações
que fertilizem o terreno
duro dos meus sentimentos
castigados pelo mau tempo
Cachoeirinha, 13-02-2014, 10h
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REVIVENDA
Escrevo e rabisco e refaço
Faço e re-escrevo e abismo
Abismo o que faço quando escrevo
Escrever é viver
Abismar(-se) é ser gente
Refazenda é inteligência
Viver é ver e escrever a cada pouco
marcar cada instante ponto louco
Ser gente é espantar-se com o outro
marcá-lo pra não perder seu ponto
Inteligência o que disseram que os outros tinham
Vida que se faz
rabiscando
refazendo
recriando
é
vida
que nos faz
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SONHO DE SER
SONHO DE SER
Eu queria te falar
do que eu poderia ser
porque o que sou
dá pra perceber
só de olhar
Olhou, me viu
e nem se encantou
mas o que tu nem sentiu
é o que meu coração
criou com tanto amor
Isso se maravilhou
os encantos deste companheiro
vindo do profundo interior
que vem de dentro, por inteiro
é o que ninguém provou
Assim a vida tem mais sabor
a gente vive com as coisas do peito
emoção que dá mais valor
que te pega de qualquer jeito
é vida que a própria vida sonhou
Fevereiro de 2014.
domingo, 26 de janeiro de 2014
solidão
16-12-2012 00:32
Até onde vai a solidão? Até a que lugar chega a vontade de isolar-se? Onde vai parar, em que lugar sobrará o sombrio desejo de desfalecer das pessoas, de se isolarem umas das outras e se ilharem em locais frios para realizar o que muitos chamam de SOLIDÃO e hoje chamarei de desejo humano natural de retirar-se, sair(-se) e refletir…
Ah! Solidão. Solidão fera, solidão que devora um dos poucos desejos humanos que, de insaciáveis, nos conduzem a veredas, campinas, verdes pastos de amizade inocente, amizades pueris, amizades crianças… E, nessa insaciedade, vira insanidade. Vira desejo louco, muito pouco para a loucura, insano projeto de cada ser humano.
Loucura: projeto de vida de cada um, sem saber. Sem querer afugenta cada lágrima de reflexão derramada no percurso da vida. Sem ver espanta cada sorriso maroto, de garota e garoto que ri por rir, sorri até sem querer. Sorriso de menina inocente, crente que tem motivo para rir e, sem desmerecer outros sorrisos que são racionais, que vêm de um desejo fundamentado em algo engraçado, não é mais gostoso que o riso inocente, fino, aquele que sem ter pra quê leva outros a rirem também, e aí ninguém mais deixa de rir.
Mas e solidão? Essa magoada figura desmancha o sorrisos. Porque sorriso precisa ser compartilhado, riso tem que ser rido com o outro. Riso tem que ser para o outro. O riso não é de quem ri, é, em verdade, para o outro e, portanto, do outro.
Então ria, meu amigo. Solte o riso toda vez que terminar de chorar. Acabou a lágrima, ria. Vingue-se da tristeza assim que ela for embora. Fira a mágoa todas as vezes que ela se insurgir em magoar.
Festa
Festa sem graça! Festa não é, nem de longe, o que o mundo hoje faz ser. Desculpe o termo “faz ser”, mas tem tanta coisa que não é e o mundo de hoje, a maioria das pessoas de hoje fazem ser… sem serem. Coisas sem a menor importância ganham uma relevância fenomenal. Pessoas sem o menor “conteúdo” ganham espaço e tempo ao passo que outro tendo muito a dizer de essencial para a vida, para a sociedade, não recebe a menor oportunidade.
Pense, por exemplo, nos espaços destinados às entrevistas. Tem cada entrevistado que deveria ter ficado no anonimato. Tem cada entrevistador que deveria ter ficado sem programa.
Pensemos, por outro exemplo, nos espaços destinados aos horários de propaganda partidária e de propaganda em época de eleições… Esquece essa parte. Melhor nem pensar nisso.
Mas, pensemos, por exemplo, nos tempos destinados às notícias em toda a mídia, impressa ou não. Lembrou de alguma notícia que tomou um espaço danado e você ficou, ao final, se perguntando o que pensaram os editores ao colocarem aquilo ali? Quando alguma pessoa célebre (que de celebridade não sei quem a nomeou e ela acreditou!) escorrega com seu cão numa calçada e o pobre cãozinho saiu com o rabo entre as pernas. Não entendem os idólatras daquele personagem e os repórteres, colunistas e blogueiros que é papel do cão colocar o rabo ali e isto vira manchete de jornal, revista e telejornal. Já vi tanta gente ser notícia porque ia à praia ou saía de casa para passear. É uma festa. É? É festa um fato simples da vida de alguém. E por que não é festa uma caridade, um ato solidário, um trabalho voluntário para crianças ou idosos?
Estranhamente, parece uma festa quando alguém é honesto numa situação limite.
Pois é. As festas de hoje estão como essas notícias, essas entrevistas, essas pessoas sem conteúdo. As festas se tornaram sem conteúdo, sem importância. Sem pessoas.
Aliás, as pessoas vão às festas para não contactar pessoas, que, a princípio, era o primeiro objetivo de alguém se vestir bem e se perfumar para sair a uma festa. Engraçado como cada vez mais pessoas, adolescentes e não, estão nas festas mas seu “juízo” encontra-se em outro tempo e espaço, digitando e lendo mensagens via celular. Só para lembrar: esse instrumento de comunicação está mais a serviço do isolamento humano.
Valorizam demais o smartphone. Valorizam de menos a boa convivência.
Sabe aquelas coisas inúteis que as pessoas valorizam como as mais indispensáveis da vida? Sabe aquelas atitudes que se espera do outro que são fundamentais para uma boa amizade? Sabe aqueles passos básicos de comportamento humano que não estão registrados porém qualquer humano normal sabe de cor? Um abraço, um afago, um sorriso, um silêncio… Hoje, parece mais importante a "estante" dos elementos desimportantes, como o bem material, o título, o poder, a aparência.
Engraçado como eu acho que eles estão enganados, entretanto parece ao mundo que o equivocado sou eu. Mais engraçado é como parece que as pessoas não percebem isso, e cada vez eu tenho menos gente para discutir tais questões.
Engraçado como a vida tem perdido sua graça. Engraçado como a gente não tem sabido festejar. Engraçado como a vida está ficando sem festa. Engraçado como as pessoas não sabem mais festejar. Festejar coisas e pessoas simples. Festejar o pormenor, o detalhe, o pequeno.
Engraçado, mais que engraçado, é terrível como a vida tem perdido sua vida. E não por culpa da vida. Muito mais por culpa dos seres vivos racionais. Que não sabem ser “seres”. Que não sabem ser vivos de verdade. Que não sabem raciocinar.
Luís Eduardo - Véspera de Natal de 2013, 23h54. Minha mulher atrás de mim.
SOZINHO MESMO ACOMPANHADO
Sentir-se sozinho mesmo acompanhado
Ver-se falando sem ter alguém do lado
É a imagem que se carrega enfim
É ter a companhia tão carmim
Da vida que se fia e mofa
E da gente tira uma galhofa
Vida quase feliz gaivota
Essa vida que ri dos vivos
Zomba de quem se vê altivo
E nós seguimos pelo crivo
Essa marca de incansável ser
Humano que insiste em viver
E vida além das fronteiras
Das barreiras que se criam
Pelos demônios que torciam
Rindo de nossa vida brincadeira
Vida reta e torta
mas arde muito mais forte em mim
o desejo insaciável de lançar mão
a todos e a tudo que merece um não
Queria parar de ser tão pessimista
embora tanta gente me assista
e me ouça falsamente ser alegre
porque a educação é isso que pede
Devo ser então hipócrita
em mascarar tanta derrota
com sins que a vida não me deu
Revivendo o que quase morreu
eu insisto em refazer a rota
pois minha'vida é mais reta que torta